Sextou, Textou! Assustou!

 


Vai vendo só onde é que terminou a história... 

Pois é! Aí mesmo! No Cemitério!

- Ah, vá! E não é onde termina a história de todo mundo?

Claro que a história de todo mundo termina no Cemitério mesmo...

Mas é que essa história terminou aí mesmo! No túmulo da família do Ricardo!

Na verdade, na verdade mesmo, esse aí é o túmulo da família da bisavó do Ricardo!

E, ali do lado, tem a capelinha da família do bisavô do Ricardo! Aquela mesma, a de tijolinhos! 

Agora você acabou de dar uma olhadinha lá na foto pra conferir, né? Claro que deu...

- Como assim? O bisavô e a bisavó não tão juntos, na morada derradeira? 

Calma! Paz no coração! A gente explica: o bisavô e a bisavó do Ricardo foram enterrados em túmulos diferentes mesmo...

Inclusive a capelinha da família do bisavô do Ricardo foi construída justamente pra ele! Porque a bisavó não queria porque não queria ficar na mesma morada derradeira!

Então os dois ficaram separados por um bom tempo, também na morada derradeira, mas tem um bom tempo que tão juntos novamente.

É que, por consenso das famílias, os ossos da bisavó do Ricardo foram transferidos pra capelinha onde tá o bisavô do Ricardo.

Mas essa é uma outra história...

O que vale mesmo é que essa história de hoje terminou aí mesmo: no túmulo da família da bisavó do Ricardo, onde a bisavó do Ricardo nem tá mais!

Em 31 de outubro de 1980...

Pois é!

Há exatos 45 anos!

Mas, já que a gente começou pelo fim, bora do começo pra valer então...

Essa história começou no fim de julho daquele mesmo ano, no Hospital!

Foi quando nasceu a Patrícia, a irmã do Ricardo! 

A Patrícia já chegou queimando a largada! Não quis esperar muito, não! Nasceu com sete meses! Com 1,750 Kg...

Pois é!

Precisou ficar uns dias na Incubadora pra, como dizia a bisavó do Ricardo, "arribar..."

E não é que "arribou" mesmo? Acabou de "amadurecer", pegou peso, desenvolveu a resistência, fortaleceu a imunidade e, como dizia a bisavô do Ricardo, "vingou..."

Bora pra casa! Bora pra vida!

Só por dois meses!

A Patrícia precisou voltar pro Hospital no começo de outubro, por causa de uma infecção de causa desconhecida!

Depois de uma semana, foi pra UTI! Uma febre monstro tava cozinhando a menina! E médico nenhum conseguia descobrir se era vírus, bactéria, fungo, alergia...

E dá-lhe virar a menina do avesso com tudo e mais tudo que é exame pra tentar identificar o agente!

E dá-lhe entupir a menina com tudo e mais tudo que é medicamento pra tentar matar o agente - mesmo sem saber qual era - pra impedir que o agente acabasse matando a menina!

Fizeram de tudo e mais tudo pra fechar o diagnóstico pra poder partir pro tratamento correto...

E nada! 

A Patrícia só que piorava a cada dia!

E, depois de três semanas, de tudo e mais tudo que é tentativa que não deu em nada, chegou aquela hora da frase que ninguém quer ouvir...

- Infelizmente não temos mais o que fazer! Não temos mais a que nem a quem recorrer! Agora é só rezar...

E foi o que a Dona Marília - a mãe do Ricardo e da Patrícia - fez!

Saiu do Hospital e foi direto pra Igreja! Ajoelhou e pediu pra Deus o fim da angústia...

- Senhor! Não aguento mais! Não tenho mais força pra continuar! Tem piedade da minha menina! Só o Senhor pode fazer acabar essa agonia! Pra minha alegria ou pra minha tristeza! Mas permita o fim do sofrimento da minha menina!

Dona Marília voltou pra casa, deitou na cama e apagou! Tava no puro creme do esgotamento! Físico, mental e espiritual...

E Dona Marília sonhou!

Que tava no Cemitério! Na frente do túmulo da família da bisavó do Ricardo. E viu que a portinhola de ferro tava entreaberta...

Agora você acabou de voltar lá da foto!  Foi ver a portinhola, né? Claro que foi! Foi...

Voltando ao sonho...

Dona Marília ficou curiosa, agachou e empurrou a portinhola pra acabar de abrir tudo e mais tudo.

Abriu e viu...

Tinha um caixãozinho logo atrás da portinhola! Com uma bonequinha dentro!

Dona Marília acordou! Com o telefone tocando! Era do Hospital...

- A senhora pode vir pra cá, por favor?

Dona Marília agradeceu a Deus!

- Obrigado, Senhor! Já sei que meu pedido foi atendido! Acabou o sofrimento da minha menina!

E Dona Marília foi dando graças a Deus durante todo o caminho até o Hospital...

- Dona Marília! Depois que a senhora saiu, no começo da tarde, a Patrícia piorou ainda mais! O estado ficou gravíssimo: ela teve uma parada cardíaca, seguida de uma parada respiratória. Fizemos e refizemos todos os protocolos de reanimação, mas infelizmente nenhuma das tentativas deu resultado! 

- Então a minha menina...

- Quando pedi pra ligarem pra senhora, a Patrícia não tinha mais sinais vitais! Chamamos a senhora pra comunicar o óbito! Mas alguns minutos depois da ligação, o coraçãozinho dela voltou a bater e ela voltou a respirar!

- Então a minha menina...

- Teve uma melhora impressionante nessa última meia hora! É uma evolução extraordinária! Francamente, não tenho como explicar pra senhora tudo o que aconteceu e tá acontecendo com sua filha hoje, aqui, nesse Hospital!

- Então a minha menina...

- Se continuar nesse ritmo de recuperação, amanhã vai poder voltar pro quarto! 

Só mais dois dias e a Patrícia teve alta! Bora de novo pra casa! Bora de novo pra vida! Dessa vez, pra vida inteira...

O Doutor não soube explicar o que tinha acontecido com a Patrícia naquele dia, ali no Hospital, mas a Dona Marília tinha certeza...

- Milagre de Deus!

Era a semana do Dia de Finados!

A Dona Irina, a mãe da Dona Marília, avó do Ricardo e da Patrícia, fazia questão de dar aquele talento nos túmulos do bisavô e da bisavó do Ricardo - os pais dela - todo ano, na semana do Dia de Finados.

Pra Dona Irina, a geral nos túmulos pro Dia de Finados era mais que obrigatória! Era coisa sagrada mesmo!

Só que a Dona Marília passou a semana inteira no puro creme da ressaca física, mental e espiritual!

E no puro creme da gratidão! E no puro creme da felicidade! Nem tava lembrando do Dia de Finados!

Mas a Dona Irina não queria porque não queria furar a faxina dos túmulos! De jeito nenhum!

- Marília! Finados é depois de amanhã! E você sabe que a Prefeitura não deixa a gente lavar sepultura na véspera do Feriado! Vâmo ter que ir lá hoje - agora - pra fazer o serviço!

E lá foram Dona Marília e Dona Irina pro Cemitério! E levaram o Ricardo e a Patrícia junto!

Sim, levaram a Patrícia também! A menina tava completamente saudável - zero bala mesmo - menos de uma semana depois de tudo o que aconteceu no Hospital!

Milagre, ué!

Quando chegaram na frente dos túmulos, Dona Marília travou!

- Mãeeeeeee! Mãeeeeeee! A porta! A porta, mãe! Mãeeeeeee!

A portinhola de ferro do túmulo da família da bisavó do Ricardo tava entreaberta! 

Dona Marília não tinha contado do sonho pra ninguém...

Dona Irina não tava entendendo era nada!

- Tá aberta, mãe! A porta tá aberta, mãe! Mãeeeeeee!

- Que porta, Marília? A de casa? Esqueceu a porta de casa aberta, Marília?

Naquela altura, a Dona Marília já tava totalmente descontrolada! Tremendo e chorando...

- Não, mãe! A porta do túmulo! A porta do túmulo tá aberta, mãe! Mãeeeeeee!

- Larga de ser besta, Marília! A porta tá solta! Deve ter batido um vento! Abriu uma frestinha...

- Mãeeeeeee! Mãeeeeeee! Eu sonhei, mãe! Eu vi no sonho, mãe! Mãeeeeeee!

- Sonhou o quê, Marília! Viu o quê, Marília?

Aí a Dona Marília teve que segurar a tremedeira, engolir o choro e encarar o pavor pra conferir se tava lá mesmo, atrás da portinhola do túmulo, o que ela tinha visto no sonho!

E que tava morrendo de medo de encontrar lá!

Se aproximou do túmulo, agachou e empurrou a portinhola pra acabar de abrir tudo e mais tudo...

- Mãeeeeeee! Mãeeeeeee! Tá aqui, mãe! Tá aqui! Mãeeeeeee!

E não é que tava mesmo?

Um caixãozinho logo atrás da portinhola! Com uma bonequinha dentro!

Como assim?

Quem é que explica um negócio desse? 

Quem é que colocou o caixãozinho lá?

E o sonho da Dona Marília?

Pode chamar Padre Quevedo! Pode chamar Freud! Pode chamar Chico Xavier! Pode chamar Freddy Krueger! Pode chamar Mister M!

Tava lá! Na real! O caixãozinho com a bonequinha dentro!

A Dona Marília entendeu que, de repente, pode ter rolado uma troca: a bonequinha foi pro túmulo e a Patrícia veio pra vida!

Mas quem colocou o caixãozinho lá?

E o sonho da Dona Marília? 

Quem é que explica um negócio desse? 

Como assim?

A Dona Irina não pensou duas vezes: pegou o caixãozinho - com a bonequinha dentro - e jogou lá no fundo do túmulo! Pra ficar por lá de vez! Pra selar a troca!

O Ricardo viu e nunca esqueceu! E até hoje não encontrou explicação...

E agora? 

Quem vai dormir tranquilo essa noite? 

Pra quem conseguir, bons sonhos...

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