O Canto da Pitangueira!
Foram longos anos! Muito, mas muito longos, mas bem longos mesmo! Anos de esterilidade!
Foram tempos sofridos! Muito, mas muito sofridos, mas bem sofridos mesmo! Tempos de tristeza!
Só que a Pitangueira não desistiu! Mesmo depois de tomar um monte de pancada e levar outro tanto de rasteira! Daquelas, que a vida manda pra lapidar a gente...
A Pitangueira não entregou os pontos! Até quando tava no puro creme da certeza absoluta de que finalmente aconteceria, mas o tal do destino resolveu aprontar aquela invertida que ninguém esperava!
É que bem na época em que a Pitangueira tava cheia de flores, rolou aquele temporal com pacote completo: raio, relâmpago, trovão e, pior: chuva! Muita, mas muita, mas muita chuva mesmo!
E, mais pior ainda: vento! Muito, mas muito, mas muito vento mesmo!
Que levou todas as flores da Pitangueira...
Pois é! A Pitangueira tava quase lá, mas bateu na trave! Deu ruim mais uma vez! Mais uma frustração! Dessa vez, a maior de todas!
A Pitangueira tava no puro creme da mais alta expectativa de finalmente dar pitanga, mas acabou no puro creme da decepção! De novo!
Só que hoje a Pitangueira amanheceu no puro creme da felicidade!
A Pitangueira deu pitanga!
A primeira!
E, vâmo combinar, a Pitangueira deu uma pitanga que é o puro creme da coisa mais linda!
A Pitangueira ficou tão eufórica, tava tão plena e realizada, que resolveu abrir o coração! E emplacou uns versinhos...
O enamorado suspira pelo "Sim!"
O ator almeja o aplauso
A torcida exige a taça
O garimpeiro procura a pepita
O dedicado pleiteia a promoção
O soldado torce pelo cessar-fogo
O utópico idealiza a perfeição
A criança faz manha pelo brinquedo
O palhaço deseja o riso
O candidato cobiça o voto
A aranha aguarda a mosca
O derrotado persiste na tentativa
O apostador invoca a sorte
O fiel roga pela bênção
O injustiçado reivindica seu direito
O marinheiro imagina o porto
O fatigado anseia pela aposentadoria
O faminto saliva pelo pão
O vestibulando acredita na aprovação
O desconhecido ambiciona a fama
O condenado implora pelo perdão
O fracassado insiste na empreita
O ativista panfleta pela causa
O doente clama pela cura
O exilado estima o retorno
O escritor sonha com o Nobel
A planta pede a chuva
Ano passado eu flori,
Mas esse ano eu dou fruto!
Belíssimo texto ... Esperar valerá a pena... parabéns meu amigo
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