O presente do 2ºH, da E.E. Fernando Costa! (Tá registrado! Entrou pra história!)
- Um eclipse do sol acontece quando ele fica alinhado com a Lua e com a Terra. A Lua, entre a Terra e Sol, impede a passagem dos raios solares. A Terra fica no escuro, em pleno dia, por causa da sombra da lua. É o puro creme da simplicidade, né?
- Agora, vão vendo só o que aconteceu com a comunicação, num Quartel do Exército, sobre a preparação pra observação de um eclipse...
- Essa foto aí é da minha família! Alemanha, década de quarenta! Ali na direita, tá o meu bisavô, Karl! Ao lado dele, minha bisavó, Frida! E, do outro lado, ali na ponta, tá a minha avó, Gertrudes!
- Nessa aqui, os bisavós! Reparem que ele era militar! E, soldado do exército alemão na década de quarenta era...
- Nazista! Olha ele ali na extrema direita! Perceberam os companheiros com os bigodinhos no modelo Hitler?
- Pois é, pessoal! Meu bisavô era nazista! Participou da Segunda Guerra Mundial! Que acabou com a Alemanha derrotada! Hitler se matou e os Aliados entraram no país arregaçando com tudo e mais tudo!
- Aí o meu bisavô mandou a família toda aqui pro Brasil no puro creme da fuga! Foi preso, levado pra França pra ser julgado lá, mas conseguiu escapar e veio pra cá também!
- E adivinhem só onde é que eles vieram morar? Aqui mesmo, em Prudente! No tão, tão distante sertão! Longe pra caramba da Capital! Ideal pra começar vida nova sem dar bandeira de quem eles eram...
- O que acabou dando ruim foi que a filha, com dezessete anos, se encantou com um rapazinho que era árabe! É lógico que o pai proibiu o namoro! Um nazista nunca aceitaria uma união desse naipe!
- Só que os apaixonados não obedeceram! Continuaram se encontrando! E adivinhem só o que aconteceu...
- A moça ficou grávida, Professor?
- A moça ficou grávida, pessoal! E o pai ficou irado! Mandou a moça pra um sítio, pra esconder a situação e contratou uma parteira pra matar a criança assim que nascesse!
- Fala sério, Professor! Essa, sim, é que é a mentira! O cara mandou matar a própria neta? Ah, não! Tá pego, Professor! Pode entregar que o Desafio tá ganho!
- Pior que é tudo verdade, meu Bom! Por mais hediondo que possa parecer, o cara mandou, sim, a parteira matar a própria neta! O cara era nazista! A pureza da raça ariana era questão de honra pra ele! Nunca - jamais! - aceitaria a mistura do sangue alemão com o sangue árabe! De jeito nenhum!
- E aí, Professor? A parteira matou a criança?
- A parteira era comadre de um casal que já tinha perdido quatro bebês! Quatro abortos espontâneos!
- Agora desenrolou! Tá na cara! A parteira fez duas coisas boas: não matou a criança e entregou pro casal que não conseguia ter filho!
- Entregou a criança pro casal embrulhada em um jornal! Era uma menina! Era a minha mãe, pessoal!
- Ah, vá! Ah, Professor! Já deu, Professor! Sua mãe é a bebê? Que o alemão mandou matar?
- Pois é, galera! Minha mãe é a bebê...
- Que fita mais louca, Tio!
- Meninas e Meninos! Me respondam, por favor, no puro creme da sinceridade: não é uma história que merece virar livro, filme, série, peça de teatro, novela?
- Essa parada é real mesmo, Professor!
- Posso te garantir que essa não é a mentira do Desafio...
- Então essa história pode virar é tudo isso aí! Tem que escrever essa história, Professor! Acabou de falar aí que tem que registrar os rolê pra não cair no esquecimento...
- Então, Lindinhas e Lindões! Já tá registrada! Eu mesmo escrevi! Tá lá no meu blog! Chama Sextou, Textou! Porque toda sexta tem texto! E já tem três anos! E tâmo justamente no mês do aniversário!
- A propósito, pra quem quiser conferir a íntegra da história - porque tem muito mais acontecimentos que não contei aqui pra vocês - coloquei o link de acesso na capa do blog! É só clicar...
- E, pra fechar, convido todos vocês pra uma reflexão: será que uma história com esse grau de conteúdo histórico, com esse tanto de dramaticidade, com tudo e mais tudo que é plot que rolou, de repente, assim, quem sabe, né?, sem querer querendo, já não acabou virando arte? Pela própria Literatura? Que também já é uma arte?
- E que, de repente, assim, quem sabe, né?, não pode entrar naquele time das obras que precisam ser preservadas?
- Só pode, Professor! Deve entrar! Precisa ser preservada!
- Tão vendo só, meus queridos! Quando eu disse lá no começo da nossa conversa que a gente pode tudo, não tava brincando! E muito menos mentindo! A gente pode tudo! Inclusive produzir e preservar a nossa cultura...
- Fechou, Professor! Show de bola! Agora só falta a mentira...
- Eu sei, Professor! Eu sei! A mentira é que não tem mentira! Você disse que ia falar uma mentira, mas tudo o que você falou era verdade! Essa é a mentira! Você mentiu quando disse que ia mentir!
- Mas, gente! Olha só que moça mais perspicaz! Então quer dizer que a mentira era o próprio Desafio da Mentira? Tava lá, no começo de tudo, pra só ser descoberta agora, no fim da conversa, que, por sinal, foi nada menos que cem por cento do puro creme da verdade!
- Raciocínio apurado, hein? Tudo muito bem amarradinho, né? Todas as peças se encaixando perfeitamente! Só que não! Confesso que cheguei a considerar essa lógica pra escolher qual seria a mentira, mas aí pensei melhor...
- Esse pessoal é inteligente! Eles vão acertar na mosca!
- Então optei por uma mentira genuína! Uma mentira original! Uma mentira de verdade! E que tava lá no começo mesmo! Lembra que eu disse pra vocês que essa já era a oitava Oficina e que ninguém ainda tinha conseguido descobrir a mentira?
- Pois é! A mentira tá aí: essa é a primeira Oficina! As sete anteriores nunca aconteceram! Esse trabalho foi planejado, produzido e realizado exclusivamente pro 2ºH, da E.E. Fernando Costa! Um presente pra vocês!
- E que, sem querer, acabou virando um presente de vocês pra mim também! E pensa num presentaço!
- Lembram que me apresentei pra vocês como Educador Social? E disse que trabalhei por quase dez anos no Projeto Criança Cidadã, com adolescentes de doze a quinze?
- Então, né? Nesses últimos três anos, venho registrando no Sextou, Textou! várias histórias vivenciadas lá no Projeto! Tudo e mais tudo que é fita dos Mano e das Mina!
- E já tem um tempo que venho pensando em juntar todas elas! Num livro! Só que tava com um probleminha: não tava conseguindo definir o fechamento!
- Até hoje! Porque tô achando que o que a gente viveu aqui tá com a maior cara de ser o último capítulo! Se vocês toparem - é claro - e autorizarem que esse nosso encontro entre pra minha história!
Toparam! E foi por unanimidade!
- Então é isso! Espero que esse nosso papo possa ter contribuído de alguma forma pra desenrolar a redação de vocês! Fiquem à vontade pra canibalizarem o que quiserem - no sentido figurado, é claro! Ah, Quinta Série, que não perde uma chance pra aparecer! - na proporção que cada um considerar útil e necessária pra agregar no seu repertório!
- Torço, com todas as forças, pra que todos vocês sigam firmes no caminho da Redação Nota 1000!
- E quero agradecer, do fundo do coração, por esse momento! Por vocês terem me recebido com essa energia tão positiva! Por terem embarcado nessa viagem que a gente fez pelas artes e pela vida, pra trocar ideias sobre como produzir e cuidar da nossa cultura!
- Muito obrigado! Por cada par de olhos que tive a oportunidade de ver brilhando! Pelos ouvidos abertos! Pela atenção e pelo interesse de todos vocês! Pela felicidade monstro que vocês me proporcionaram e pelo presente maravilhoso que vocês me deram!
- Podem ter certeza absoluta de que esse coraçãozinho aqui tá no puro creme da plenitude e da realização!
- Valeu demais, 2ºH da E.E. Fernando Costa!
- Aquele abraço!
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