Cale-se!

 


Golpe,
em Revolução transfigurado


O abuso, o abjeto, 
o absurdo decantado


Decreto lido 
em rede radiofônica nacional


Ato convertido 
em Ditadura Institucional 


Das garantias e direitos,
suspensão

 
Aos "rebeldes" estudantes,
repressão



Nas Universidades Públicas,
intervenção 



Às vozes discordantes,
sufocação 


Bens particulares, descabidamente confiscados
Políticos diretamente eleitos,
sumariamente cassados e caçados 


Servidores públicos,
arbitrariamente demitidos


Manifestações e protestos,
violentamente coibidos


Aos sublevados artistas, 
censura


Aos indignados oposicionistas, 
tortura


Aos "guerrilheiros",
homicídios "legitimados"


Aos insurgentes, 
suicídios forjados


Aos amotinados, 
desaparecimentos inexplicados



Aos insistentes, 
exílios forçados 


Duas décadas de medo, 
injustiça, atrocidades


Vinte anos de total 
supressão das liberdades


Até irromper em cada peito
o sentimento de Nação


E qual vulcão, em súbita 
e estrepitosa erupção


Milhões tomam ruas e praças
Pelo voto, pra fazer a mudança

Em coletiva catarse 
renova-se a esperança


Artistas tem 
suas sublevações ouvidas


Indignados veem 
suas oposições reconhecidas


E, apesar da decepção 
da derrota inesperada,


A estrada de volta à soberania popular
está toda pavimentada


A flor que vence o canhão da opressão, 
com o estrondo da livre expressão,
radiante, sublime, plena, enfim abre-se!


E os gritos da democracia, 
em incontida alegria, 
transbordam do "Cale-se!"

Comentários

  1. Ditadura nunca mais. É só assistir o filme Ainda estou Aqui é lembrar do terror que a família passou.

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