O Mal que mora no olho!
Foste concebida na aurora dos tempos e nasceste no limiar do mundo: és f ilha bastarda de inusitada união, de abstruso encontro de virtude e vício És rebento espúrio do enlace da admiração nutrida pelo esplendor alheio (oculta sob o espesso manto da soberba) e da frustração pela constatação da carência de talento em proporção necessária a conflagrar o fulgor capaz de igualá-lo És a causa da decadência do Anjo de Luz, és partícipe da gestação do pecado original, és corresponsável pela entrada da morte na história e conduzes quem te abraça, a largos passos, ao ardente tacho, em que já não mais é possível a concessão da graça de purgar as perversões e donde exara tão somente o choro e o ranger de dentes dos fadados a padecerem, pela eternidade, de todo o mal que disseminaram És o não ver, és o não querer enxergar, és a recusa de testemunhar a condição de quem te é superior Mas és igualmente curiosa e não resistes a inteirar-te de uma novidade que represente iminente am