Faz o "V"

 



Anunciado, enfim, o tão ansiado projeto

E olhe que até duvidaram da existência

Depois de tanta desconfiança e maledicência

Ei-lo, pois, revelado, em que pese o modo indiscreto

Comprovado - é o que importa - que se trata de plano concreto

É que até então a única ação plenamente efetivada

Promessa de campanha por todos compartilhada

Reajuste do Bolsa-Família ou Auxílio-Brasil, conforme o eleito

Pelo Congresso em raro consenso levado a efeito

Demolição legal do teto de gastos, muito bem orquestrada


Mais do que na hora, então, de colocar a mão na massa

Mercado mais que impaciente, aguardando por um sinal

Da imprescindível reforma tributária: o necessário arcabouço fiscal

Liberando umas verbinhas pra emendas a matéria logo passa

Quanto mais quente o forno, mais rápido a pizza assa

É só no ritmo do fisiologismo que Brasília dança

Toma-lá nosso idealismo, da-cá nossa esperança

E quando a geral, teimosamente, alimenta a ilusão do avanço

Leva na cara que o poder vai ser usado só pra desforra do ranço:

Consiste o programa de governo no puro exercício da vingança


É que nutre profunda mágoa o Chefe do Executivo 

Por um certo magistrado que exarara sua condenação 

Ao regime fechado por prática de corrupção 

Ficando em Curitiba por mais de ano cativo

Na versão do "injustiçado", por exclusivo motivo:

De novamente concorrer à presidência o impedimento

Imensurável crueldade submeter um inocente a tão terrível tormento

Que agora, de volta ao posto de maior mandatário 

Manifesta a obsessão de infligir ao adversário 

Em igual proporção seu imerecidíssimo sofrimento


E não é que no dia seguinte à infeliz declaração 

A Polícia Federal, em operação primorosa

Frustrou ousado plano de organização criminosa

De sequestrar o hoje senador da nação?

Que abandonou a toga por política opção 

Aspirando vir a ser presidente em breve futuro

Deixou a vaga no Supremo por um tiro no escuro

Como quem amarra cachorro com linguiça

Acreditou ter carta branca no Ministério da Justiça 

E acabou no olho da rua com fama de dedo-duro


Estaríamos, então, diante de mera coincidência?

Teria o "Presidentiário" à temida facção enviado a senha?

Quem puxou cana conhece bem como funciona a resenha

E os bandidos já tavam há meses no preparo da delinquência 

Estudaram a rotina da família com diligência 

Sabiam locais e horários com extrema precisão 

Só tavam esperando o "salve" pra partir pra ação

Por óbvio que tal ilação seria de pronto refutada

Ou não teria a PF agido de forma tão atilada

E o ex-juiz, pelo "Presodente", ainda foi acusado de armação


Pois é, tão chegando os boletos da polarização 

E antes de completar três meses de exercício 

Já se cogita a revisão do custo-benefício

Da pedalada jurídica que arrazoou a descondenação 

Testaram várias terceiras vias pra disputar a eleição 

E concluíram que pra derrotar o genocida

Soltar o ladrão seria a mais eficaz medida

Agora tem que engolir a balela do Planalto:

A culpa é do Banco Central, que deixa os juros lá no alto

Aí não chega pro povo a picanha prometida


Então bora pro terceiro turno de quatro anos novamente

E continua a ser servido o mesmo prato indigesto

Se só se alternam os garçons, melhor focar no cardápio o protesto

Mas há de se evoluir pro dia da escolha coerente 

Ainda vâmo eleger um representante decente

Ciente de que pregar só pros convertidos não faz eco

Presidência da República não é lugar de boneco

É por esse revide que se deve ir à luta

Mas enquanto permanecem os mesmos na disputa

Pau que bate em "Bozo" também rebenta "Pixuleco"








































 







  























 







 

































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