Quem vai às urnas?
Domingo vão às urnas "Genocidas",
"Negacionistas" e "Pseudo-cientistas",
Vão às urnas "Anti-vacinas" e até "Terraplanistas"
Vão às urnas a pólio e o sarampo,
Que estavam erradicados,
Mas voltaram em cadeira de rodas, empipocados
Convidados pela insanidade do general,
Que podia até ser Ministro da Defesa,
Mas na Saúde afrontou a natureza
Questionando a imunidade
Pela incerteza da reação,
Em estrita obediência
À ordem contrária à ciência,
Exarada por seu chefe Capitão
Vão às urnas mercenários senadores "Mensaleiros"
E deputados aproveitadores
De holerites de fantasmas assessores,
Dos saques na boca do caixa "Rachadeiros"
Também vão os "Petroleirões"
Com a grana oculta na samba-canção
E das Comissões de Finanças, Justiça e Constituição,
Vão os "Sigilosos Orçamenteiros"
Vão às urnas os que sempre foram da direita
E os que sempre foram da esquerda
E sempre se enfrentaram
E sempre se revezaram no comando dos postos
E vão agora juntos, eles mesmos, os opostos,
Um que ao outro repelia,
Invocando a defesa da democracia
Pra extirpar preceitos nefastos,
Prometendo a todo o povo
Que de novo será feliz,
Como se por encanto
Desaparecessem dos cortes cada cicatriz
Vão às urnas os que eram do "Centrão",
Cantaram "Pega-ladrão",
Mas deram as mãos novamente
Pra evitar o impeachment
Ofertando em troca o presente
De acabar de imediato
Com a "República de Curitiba",
A tão cruel "Operação Lava-Jato"
Pra com gigantesca onda
Inundar o país de hedionda corrupção,
Que também leva à morte
Muito contribuinte do "Leão"
Vão os que criaram
Da renda a transferência
E impuseram aos humildes
Eterna subserviência
Transformando em projeto de poder
O que na origem era pra ser
Mecanismo de justiça social
E vão os que triplicam o benefício,
Mas não revelam no comício a pedalada:
Que a verba pro auxílio é toda confiscada
De precatório de ação judicial
E vão junto os congressistas,
Tubarões oportunistas,
Que receberam o jabá em dobro
Pra em dois turnos aprovarem o logro
Vão às urnas os "Minha Casa, Minha Vida"
E os "Casa Verde-Amarela",
Que deixam de herança,
Por algumas gerações,
A cada mês a parcela
Pra poder tornar real
O que era só esperança:
Morar em básicas condições,
Se livrando das aflições
De quando viviam na favela
Vão às urnas os padres de festa junina
E os pastores que, como propina,
No Ministério da Educação
Dos Prefeitos exigem barras de ouro,
Desfalcando do ensino o Tesouro,
Pra garantir dos recursos a liberação
Vão às urnas os pró-aborto,
"Meu corpo, minha regra"
E os que defendem a vida,
Na íntegra, sem exceção
E também vão os que protegem a divina dádiva,
Mas só enquanto no ventre,
Porque caso mais à frente,
No caminho do crime enverede o cidadão,
Pregam sua morte por execução
Vão às urnas os "polifóbicos",
Que consideram "anti-naturais"
os "LGBTQIA" e todos os outros mais
Que desfilam na Paulista
E vão os xenófobos e racistas,
Mesmo cientes de ser nossa gente
Formada por uma "mistureba" incontestável
Sendo até muito provável
Que eles próprios resultem
Do que consideram imundo:
Um "blend" de tudo com todo mundo
Vão às urnas os grileiros e garimpeiros,
Que invadem as reservas demarcadas
Pra explorar as riquezas avolumadas,
Escondidas sob o solo sagrado
E vão os índios "aculturados",
Que cobram pedágio de quem transita
Por cima do mesmo chão, da floresta,
De asfalto pavimentado
Vão às urnas os ambientalistas,
Que fundam Organizações Não Governamentais
E recebem do governo recursos
Pra do pulmão do mundo
Impedir a devastação
E vão os donos dos latifúndios,
Que captam crédito junto ao mesmo governo
Pra derrubar a mata
E avançar com gado e plantação
E vão os exportadores,
Que pra vendem carne e grãos pra China,
Mas engrossam o discurso que o comunismo abomina
E, em flagrante contradição,
Recebem de bom grado os dólares do dragão,
Que ao consumismo a cada dia mais se inclina
Vão às urnas os artistas, cantores e atletas,
Por milhões idolatrados
E dos muitos milhões que ganham em shows
E contratos estratosféricos por laranjas assinados
Alguns milhões devem ao Fisco
Por ganhos não declarados
Vão às urnas os servidores públicos
Que registram entrada e saída,
Mas nunca se encontram na repartição,
Em total descaso com a nobre função
Deixando a população desatendida
Pra se dedicar à paralela ocupação
E enriquecer de forma indevida
Vão também os que exercem determinada atividade,
Mas são nomeados pra cargos com distinta finalidade
E sequer se fazem presentes
Ao menos pra fingir que despacham,
Continuam onde sempre se acham,
Mas ganhando como diretores competentes
Vão às urnas os que possuem "Sky-Gato",
Com acesso grátis e ilimitado
A centenas de canais
Sem considerar que grandes desfalques e pequenos furtos
São igualmente ilegais
Nenhum deles tem de Zaqueu a coragem
De confessar e ressarcir
O que lucrou com a malandragem;
Ao contrário se gabam da vantagem
E da esperteza
Debochando de quem paga a assinatura,
Trocando de pronto a lisura
Pela impunidade que permanece ilesa
Vão às urnas os empresários,
Que contratam obras e serviços com o Poder Público,
abandonam o compromissado antes do final,
Mas emitem fria nota fiscal
Não pagam o imposto devido à Receita,
Levam logo a firma à falência
E abrem novo CNPJ pra continuar a empreita
Vão às urnas os pintores, que trocam as tintas
E entregam a parede com apenas uma demão
E vão os eletricistas, que trocam os cabos
E colocam em risco toda a instalação
E vão os que pesam alumínio
Em balança adulterada
E os que recolhem a reciclagem antes do caminhão
Da cooperativa de catadores legalizada
Vão às urnas os do tráfico e os da milícia,
Os "CPX", os "CV", os "PCC" e os da polícia,
Uns bem mais que outros organizados,
Mas todos no controle de comunidades e penitenciárias empenhados
De todos esses somente dois serão votados,
Mas os que votam tem em si os ideais deles incorporados
É que o voto endossa a atitude do escolhido
E quem aprova o candidato dever ser,
Lógica e obrigatoriamente,
No mesmo rol incluído
A questão é que novamente optamos
Por levar à decisão
Dos extremos os representantes,
Potencializando do eleitorado a divisão
E ao invés de votar em propostas relevantes,
Nos obrigamos a decidir pelo critério da rejeição
Mas e quando o estômago embrulha
E o ácido as paredes corrói?
Quando o asco qualquer tentativa
De favorável apreciação
A um ou a outro destrói?
Vão às urnas os de vermelho e os de amarelo,
Com a ilusão de serem contemplados
Com mais que o simples farelo
Vão pra impor ao "inimigo" deturpada convicção,
Num país cada vez mais distanciado
De se tornar verdadeira nação
Também vou às urnas e devo ser franco
Vou consciente da escolha, de branco
Sem precisar bater no peito,
Faço valer meu direito
De registrar a absoluta insatisfação
Não caio no papo leviano de omissão,
De ser independente continua firme a resolução
E aproveito pra deixar registrado
Que, assim que tenha o eleito
Seu nome divulgado,
Sem deixar de manter a repulsa ao derrotado
Respeitarei a opinião majoritária
E assumirei a condição,
Mesmo que solitária,
De ser ferrenha oposição!
Assim como todos os outros: fenomenal. Parabéns, meu amigo!
ResponderExcluirRealmente vão as urnas todos os tipos de pessoas, puxa saco, sonegadores, de direita e esquerda. Mas não deixarei de votar em um candidato.
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